Quais investimentos valem a pena em meio à alta de juros?
Tesouro Selic, CDBs, LCIs e LCAs pós-fixadas são alguns dos investimentos cuja rentabilidade aumentou em consequência da alta da taxa básica de juros. Em junho de 2022, a Taxa Selic sofreu um novo aumento e alcançou o patamar de 13,25% ao ano.
O reajuste foi o décimo primeiro aumento consecutivo da taxa básica de juros e reflete o momento econômico que o Brasil está enfrentando, especialmente em relação à alta da inflação.
Uma das consequências desses aumentos sucessivos é a redução do ritmo de consumo e elevação das taxas de juros de empréstimos e financiamentos. Por outro lado, a alta taxa básica de juros fez o Brasil recuperar o título de país da renda fixa. Afinal, a Selic alta aumenta o rendimento dos títulos do Tesouro, fundos de investimento, entre outros ativos.
Por essas e outras razões este é o momento certo para o investidor brasileiro apostar na renda fixa e fazer escolhas mais seguras, rentáveis e inteligentes. O primeiro passo é entender o que é a Taxa Selic, como ela funciona e qual sua influência nos investimentos.
- Afinal, o que é Taxa Selic?
- O impacto da Selic no dia a dia
- Por que a Taxa Selic está tão alta?
- Como a alta da taxa básica de juros afeta o investidor?
- Selic em alta: onde investir?
- Fundos de investimento de renda fixa
- ETFs de renda fixa
Quais os melhores investimentos de 2022?
Afinal, o que é Taxa Selic?
A Taxa Selic é considerada a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela foi criada em 1979, quando o Brasil enfrentava um período de hiperinflação. Desta forma, ela é utilizada até hoje pelo Banco Central (BC) para manter a inflação controlada.
Além disso, por ser considerada um indicador básico, a Selic afeta outras taxas de juros do país, que também estão indexadas a ela. Motivo pelo qual o valor da taxa Selic também influencia nas taxas de juros de empréstimo e financiamentos.
Para completar, a Selic também reflete na rentabilidade de várias aplicações financeiras, como Títulos do Tesouro Direto, caderneta de poupança e investimentos de renda fixa.
Vale ressaltar que a Taxa Selic não possui um valor fixo. Na verdade, seu valor é revisado e ajustado periodicamente conforme a necessidade. Para isso, o BC considera a meta definida na reunião do Comitê de Política Monetária do BC (Copom), que avalia vários critérios para definir seu valor.
Ou seja: o BC, por meio da Selic, ajuda a manter a inflação controlada e contribui para a manutenção da economia.
O impacto da Selic no dia a dia
A variação da taxa básica de juros impacta a vida das pessoas de diferentes formas. Tudo depende se o valor da Selic está em alta ou em baixa. Quando o BC reduz essa taxa, por exemplo, os bancos tendem a realizar empréstimos a juros menores e o financiamento fica mais barato.
Como consequência, a queda da Selic favorece o aquecimento da economia, estimulando o consumo e aumentando o valor da inflação. Além disso, quando a taxa básica de juros está baixa, os investimentos ligados à ela se tornam menos atraentes, já que seu rendimento diminui.
Mas o BC também pode assumir a estratégia oposta e aumentar a Taxa Selic. Essa medida é adotada quando a inflação está alta. Afinal, com o crescimento da taxa básica de juros, a economia sofre uma desaceleração que, consequentemente, reduz a inflação.
Em compensação, isso aumenta os juros cobrados em empréstimos e financiamentos. Por isso, quando a Taxa Selic está alta, as pessoas tendem a consumir menos.
Apesar disso, quem investe acaba sendo beneficiado quando a taxa básica de juros aumenta, já que vários investimentos se tornam mais atraentes em função do aumento da rentabilidade.
Por que a Taxa Selic está tão alta?
Após entender o funcionamento da Taxa Selic, fica mais fácil compreender por que o BC fez tantos aumentos consecutivos na taxa básica de juros. Para entender o problema, é importante relembrar seu início.
Quem acompanha o mercado deve ter percebido a queda da Selic durante a pandemia. Ela atingiu o valor de 1,90% em agosto de 2020, considerado o menor patamar da história.
Na época, o BC reduziu drasticamente o valor da Selic para estimular a economia, que estava em desaceleração em função das medidas adotadas para conter o avanço da COVID-19.
À medida que a vacinação contra COVID-19 e o número de casos da doença caiu, as atividades econômicas começaram a se normalizar. Neste contexto, o estímulo ao crédito barato, os problemas de abastecimento na cadeia de produção de diversos itens, entre outros fatores, provocaram a disparada da inflação, que atingiu o patamar de 10% no fim de 2021.
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O impacto da Guerra na Economia
Para piorar a situação, outro fator inesperado surgiu e começou a impactar a economia: a Guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Em função do conflito, o preço de várias commodities, como alimentos e petróleo, também aumentou, pressionando ainda mais a inflação.
Na tentativa de reduzir o aumento crescente da inflação, o BC fez ajustes consecutivos na taxa básica de juros, que alcançou o patamar de 13,25% em junho de 2022.
Como a alta da taxa básica de juros afeta o investidor?
Apesar de reduzir o consumo e dificultar o acesso ao crédito barato, esse momento de alta da Selic pode ser encarado como uma oportunidade pelos investidores, especialmente para os brasileiros.
De acordo com dados do Raio-X do Investidor Brasileiro 2021, 40% dos brasileiros fazem algum tipo de investimento. A maior parte desse número ainda investe na poupança (29%). No entanto, até mesmo a poupança está perdendo investidores para outras modalidades de investimento, como título público ou privado e fundos de investimento.
De qualquer forma, o perfil do investidor brasileiro ainda é considerado conservador, ou seja, ele prefere fazer investimento com uma relação risco-retorno menor. Por esse motivo, a alta da Selic favorece esse tipo de investidor, que terá facilidade para encontrar opções de renda fixa mais atraentes.
Selic em alta: onde investir?
A alta da Selic favoreceu as aplicações de renda fixa, que passaram a oferecer retornos financeiros próximos de 1% ao ano. É o caso dos títulos atrelados à própria Selic ou ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI), dos fundos de renda fixa e das ETFs.
Entenda abaixo como a Selic alta afeta cada um deles:
Tesouro Selic
Entre os títulos do Tesouro disponíveis para investimento, o Tesouro Selic é um dos que mais se beneficiaram com a Taxa Selic de dois dígitos.
Afinal, sua rentabilidade está ligada não só à taxa básica de juros, mas também a um percentual adicional, que varia a depender do momento do investimento.
O Tesouro Selic com vencimento em 2025, por exemplo, tem uma rentabilidade igual ao valor da Selic + 0,1020%.
Títulos atrelados ao CDI
Nesse momento de alta da Selic, os títulos pós-fixados atrelados ao CDI também são considerados bons investimentos. É o caso dos Certificados de Depósito Bancário (CDBs), por exemplo.
Na prática, quem investe em CDBs empresta dinheiro aos bancos, que utilizam o recurso para financiar suas atividades e fornecer linhas de crédito. Em troca, o investidor recebe uma “recompensa” por esse empréstimo, que varia de acordo com o CDB adquirido.
O ideal é investir em CDBs pós-fixados com rendimento de, pelo menos, 100% do CDI. Isso significa que o investidor recebe 100% do rendimento do CDI ao longo do ano, o que é bem vantajoso considerando o valor da taxa básica de juros.
Além do CDB pós-fixado, as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) também são considerados bons investimentos nesse cenário de alta da taxa básica de juros.
Na prática, quem compra esses papéis também empresta dinheiro para os bancos, que utilizam os recursos para investir nos setores imobiliários e do agronegócio. Em troca, o investidor recebe um retorno considerado maior do que a poupança. Para obter o máximo de rentabilidade, o ideal é investir em LCIs ou LCAs pós-fixados com rentabilidade de, pelo menos, 90% do CDI.
Fundos de investimento de renda fixa
Os fundos de investimentos permitem que o investidor invista em diferentes títulos através de uma mesma aplicação. Isso é possível porque os recursos investidos nesse fundo são administrados por um gestor profissional.
Como a composição de títulos varia de acordo com o fundo, nem todo fundo de investimento é considerado de renda fixa. Para isso, pelo menos 80% do seu portfólio deve ser composto de títulos do Tesouro Direto, CDBs, entre outros ativos. Nestes casos, os fundos são favorecidos pela alta de juros, que aumenta a rentabilidade da carteira de investimentos.
Vale lembrar que o investidor pode escolher entre fundos simples, que destina 95% da carteira para títulos públicos, ou fundos referenciados, cuja rentabilidade está atrelada a algum índice de referência, como a própria Selic ou IPCA.
ETFs de renda fixa
Os fundos de índices, também chamados de ETFs, geralmente são investimentos de renda variável. Porém, também existem opções de ETFs de renda fixa, que se tornam interessantes com a alta da Selic.
Isso ocorre porque os fundos de índice de renda fixa são compostos por ativos que utilizam um índice como referência para o cálculo de rendimentos. Geralmente, eles seguem os índices da Anbima de renda fixa, que podem ser indexados a títulos pré-fixados ou indexados à inflação. Por isso, como a Selic e a inflação estão em alta, esse tipo de investimento é considerado uma boa opção para diversificar sua carteira.
Conlusão
Diante de tantas opções interessantes de investimento em renda fixa, chegou a hora do investidor brasileiro aproveitar a oportunidade para investir em seus projetos a curto e médio prazo.
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